terça-feira, 25 de junho de 2013

Cartas para Feliciano

O título pode até parecer bem sugestivo, mas eu garanto que o assunto é bem mais expandido do que a capacidade de raciocínio é maior do que o destinatário citado ao topo. Não sei vocês, mas eu guardo dentro de mim uma enorme vontade de escrever algum tipo de discurso, sobre um assunto aleatório e ler ele para milhares e quem sabe milhões de pessoas. Eu sempre acreditei que a palavra unifica sentimentos e compartilha emoções, a simples junção de quatro letras podem descrever momentos de amor, raiva e revolta. No meu caso é apenas por prazer de expor o que eu sinto, então disponha-se a sentir comigo o que eu escrevo abaixo.

Caro Feliciano (o destinatário muda conforme a necessidade que a mensagem tem de ser passada).

Aqui escrevo por extrema decepção. Começo sitando em primeiro lugar a decadência do raciocínio das pessoas modernas do "século XXI". A aprovação da "Cura gay" retrocede numa escala lógica todas as conquistas batalhadas por anos, por pessoas que morreram pelas causas que defendiam e faziam da República Federativa do Brasil um lugar mais digno de se viver. Cito aqui também os milhares de jovens que já morreram vítimas do sistema opressor levantado por você e por uma pequena parcela de pessoas que não evoluíram sua cultura.
Tenho apenas dezoito anos e já vivenciei grandes conquistas, pessoas que superaram os limites sociais para viverem uma vida digna e com respeito, tenho dito aqui que você não passa apenas de um ser cuja a capacidade de expandir-se foi limita, me sinto triste pelo fato de que está preso a ser medíocre, mediano e leviano em tudo o que fala e faz. É do meu enorme prazer não conhece-lo pessoalmente, nem vivenciar seu dia-a-dia. Imagino mesmo que de longe o som vazio dos seus passos descompassados e do ritmo irritante que a sua voz propaga quando você resolve abrir a boca.
Em qual parte da vida você resolver retroceder? Como faz para vivenciar seus dias com um coração cheio de más vontades e pretensiosidades próprias afim de privilegiar uma classe minuscula de pessoas. Você repudia os gays, os negros e enche seu peito para anunciar as porcarias que você faz a frente da política brasileira. Te ter como representante político, (tendo em vista que sua marca política não representa nem a minha sombra) é uma vergonha para mim, sinto um nojo extremo quando eu ouço seu nome. Saiba então que é reciproco o seu tratamento comigo, sou homossexual e de certa forma afetada por suas babaquices. Só quero que saiba que eu não vou deixar de me casar, ter filhos e constituir uma família. Queria que soubesse também que o meu caráter como pessoa é reforçado todo dia que eu preciso conviver com o fato de que mais leis absurdas como a da Cura gay são aprovadas. A cura para o que eu tenho não pode ser encontrada numa consulta psicológica, minha sexualidade não desrespeita e nenhum tipo de doença, male ou qualquer coisa negativa. Quero então ser ressarcida pelos meus direitos, como doente eu quero poder receber auxilio monetário para me tratar, posso alegar baixa renda e buscar ajuda. Gostaria de saber qual vai ser a primeira pessoa que me negará auxilio, tendo em vista de que minha doença é crônica e permanente.
Soa de modo tão ridículo isso. Faça algo de útil Feliciano, seja no mínimo digno e descente.

A todas as pessoas que apoiam essa ideologia Feliciano de ser, meus pêsames. Não faço parte dessa pequena massa retrocedida mentalmente. Alimento em mim um amor tão grande por outra mulher, que eu gostaria que você Feliciano pudesse sentir como é bom ser quem você é, respeitar as pessoas como elas são. Todos que se sentem prejudicados por suas atitudes desocupadas, deveriam então escrever cartas a você.. para que um a um você pudesse ter uma pequena proporção de que a única cura que precisaremos é para nos recuperar é a das marcas de amor deixadas em nós.

Um dia então, vai haver um representante que ao invés de me prender vai ceder a mim todos os privilégios do qual eu possa desfrutar. Feliciano, você não me representa. Escória da política brasileira.

Com carinho, Letícia. 18 anos e Lésbica.

Ps: Feliciano, fala pra mim vai.. Quem foi o boy magia que partiu seu coração?

segunda-feira, 29 de abril de 2013

18 outonos completos.

Maio de 95
Gestação da mamãe, Fevereiro de 95.



"A intenção não é ser mais um texto clichê de adoração a vida e longevidade esperada. É que dezoito anos já é um clichê de todo adolescente, na verdade eu quero com um pouco de sentimento escrever o que para mim significa essa data. Afinal, é impossível dizer em números reais quantos dias eu já vivi, em alguns momentos eu simplesmente existi e como o fato de existir é uma função obrigatória não fui com prazer incitada a me sentir viva. O ato de viver é uma contemplação do ser humano, onde prazerosamente vivencia-se um dia após o outro de maneira que tudo flua suavemente e mentalmente satisfatório.
Nada é mais gratificante do que o por-do-sol do dia de hoje, não sei se acordo viva amanhã e por tal incerteza que eu digo olhando nos olhos da vida que vivenciar o momento que eu estou é gozar da melhor maneira possível do que a vida tem de bom. O melhor de tudo é que eu tenho a sorte de acordar sorrindo todo dia, porque melhor do que a minha vida, apenas meus sonhos." - Letícia Fiorotto.


Batizado 1995


Eu sei que nasci num sábado de manhã, precisamente as 11:00am de um dia frio de outono. É incrível o meio anseio por tentar recordar de algo desse dia, por mais louco e sem lógica que pareça acredito que esse sentimento inconsciente seria muito aliviador em alguns dias Recordar do meu choro, do lugar que eu fiquei e da falta de capacidade de me movimentar sozinha. Adoro ouvir histórias de infância pelo fato de que eu não tenho muitas lembranças de mim com uma feição infantil, apenas me recordo do que vejo em fotos.. e como eu adoro olhar essas fotos e sentir um pouco que seja desse sentimento inativo dentro de mim. Tudo passou tão rápido e eu realmente consigo perceber isso hoje, parece que num piscar de olhos eu estava indo para meu primeiro dia de aula no pré, a primeira associação de "certo ou errado", decisões que por mais pequenas que fossem eram determinantes para o bem estar do resto do meu dia. Eu vivenciei momentos bons na minha infância, de certo modo eu sou muito grata a quem me proporcionou momentos de pura inocência que foram essenciais para o desenvolvimento do meu caráter e personalidade, inclusive até para aguçar a minha malicia presente em quase todos meus olhares..
Algum dia feliz do ano de 96.
Muito dinâmica eu sempre tentei lidar com todo tipo de gente e situação, mas não obtendo sucesso em algumas intervenções comecei a observar que as pessoas não querem ser ajudadas e nem aconselhadas em algo porque tudo que você dizer vai contradizer com a vontade delas, e eu só fui reparar isso quando comecei a ver que desde pequena eu teria que aprender a ver situações que eu discordava, mas precisaria manter-me quieta em um canto porque tal assunto não pertencia a minha conta e por isso não merecia minha atenção. Eu sou muito faladeira e argumentadora e por tal característica eu já atraí sim muita gente de má índole, mas nada disso me surpreendia muito porque eu sei da capacidade que as pessoas tem de tentar inferiorizar umas as outras, sabendo disso eu quis tomar atitudes diferentes e foi assim que eu comecei a construir aquilo que chamo de caráter.
Desse modo a minha vida foi tomando um rumo incontrolável e eu conheci caminhos que eu jamais imaginaria passar por eles, experiencias e pessoas que mudaram meu conceito de mundo e de atitudes. Gostoso é poder aprender com tanta coisa que eu vivenciei e cada erro que eu cometi só serviu para meu crescimento pessoal, hoje eu sei que cada tropeço se converteu em um grande passo e de caminhar lento eu sigo rumo a minha vitória que ainda soa longe, mas não impossível. As pessoas no geral me fazem querer ser diferente da maioria das coisas que eu observo, graças a Deus o meu santo bom senso jamais me deixa fazer algo que esteja contra os meus limites.
Montagem interessante
A minha vida que eu tanto amo, tanto prezo e procuro desfrutar.. nesses dezoito anos eu apenas peço paz, para mim e para todos aqueles que querem repousar. Não consigo e jamais conseguirem agradar a todas pessoas no mundo, meu jeito espontâneo pode até ser meio exagerado, mas é assim que eu vivo e é desse modo que eu quero ser lembrada pelas pessoas que me rodeiam. Minha ideologia jamais será quebrada pela á fé das pessoas e o que vem de agora em diante é só positividade e coisa boa.



"Mudaram as estações, nada mudou. Mas eu sei que alguma coisa aconteceu, ta tudo assim tão diferente.." Alguma coisa mudou, para melhor. Parabéns, para mim ♥

sábado, 30 de março de 2013

Faladeira passa mal

Não que eu seja uma pessoa de poucas palavras, mas pronuncio aquilo que é de interesse coletivo e não manifesto nada além do meu limite de consciência. Quem lê assim pensa até em alguma atitude bonita apenas estou definindo a minha repulsa contra pessoas que adoram "falar mais que a boca"  ou melhor as "Marias do bairro"  perdoem-me Marias e moças moradoras de bairros, mas tal atitude chega a me dar náuseas.
Eu vivo a minha vida do modo que eu julgo correto e intenso, ouço histórias de pessoas que tiveram as mesmas atitudes que eu e a vida não as correspondeu como o esperado, acredito eu que experiência de vida não tem nada haver com sorte, se por algum acaso você já é bem vivido e não muito sortudo não tente dizer que as minhas mesmas atitudes vão me levar ao buraco igualmente, dentro de mim existe um certo tipo de força que aparenta lutar contra a maioria das coisas ruins que me afetam, sendo assim eu não acredito nessas trágicas coincidências. As pessoas falam demais. Demais e desnecessariamente.  Logo estaremos em Abril e eu começo a fazer a retrospectiva do DearLe que para mim é o blog que mais fala, eu falo tudo o que me vem na telha sabe e nem por isso eu chego a ser inconveniente, eu falo da minha vida de certo modo e por expor um lato meu em literatura algumas pessoas acham que isso dá a elas o direito de serem meus "Dearle's" por aí e começarem a falar de mim como se isso fosse preciso.
Todo mundo é muito hipócrita, eu me incluo em todos os comentários maldosos que faço sobre as pessoas por não ser imune a nenhum tipo de atitude repugnante eu me considero parte da massa, só que eu não tenho as atitudes que eu repugno, apenas me encaixo junto para não correr o risco de ser citada como santa e imune de atitudes ruins, de certo modo é isso que uma faladora pode interpretar lendo esse simples texto em que eu tento diferir pessoas que falam demais e pessoas que desnecessariamente falam. O dom da fala é tão bonito e a sonoridade da voz de algumas pessoas me faz querer na maioria das vezes não ouvir, ou sendo menos radical, apenas me faz querer ficar longe.
Essa é uma dica valiosa para quem sabe que tem esse tipo de atitude: NÃO VALE A PENA AMORZINHO, não se minimize por tão pouco, guarda a tua voz para dizer caricias ao seu amor e não pra me usar como desculpa na sua sua vida mal procedida.

"Deixo que digam, que pensem e que falem. Eu deixo isso pra lá, vou pra cá o que é que tem? Eu não to fazendo nada e nem você também, pode ficar falando enquanto eu faço amor gostoso com alguém".

Beijos, Dearle. ♥

segunda-feira, 11 de março de 2013

Crônica de um desamor

O amor pra mim não é um status, nem tão pouco um estar ou representar. Tenho visto vários amores de status sem consistência, amores de vista e sem conteúdo e de que adianta ceder o corpo a uma vontade desleal e desnecessária. Não vou tentar fingir que é bom ficar sozinha, nem que eu amo estar as 02:46 da madrugada na mesa do bar rodeada de gente que fala de tudo, tem um bom papo e não vai nem se quer me afetar com qualquer expressão que seja.
Pode parecer clichê, e é um, mas um desamor é tão inspirador quanto estar apaixonado. Não quero ser um daqueles casais que saem tomar sorvete no domingo e trocam beijos na praça sendo que dentro de cada um há uma incógnita, uma dúvida e um pedido desesperado no olhar do tipo que exclama a vontade de querer acabar com toda aquela cena. Ultimamente eu tenho passado um longo tempo pensando em como tem sido desamar pessoas, não requerer a presença delas e nem se quer solicitar qualquer tipo de contato com a minha semelhante.
Na verdade eu devo estar dizendo tudo isso porque no fundo não consigo esquecer aquele domingo, aquele sorriso e aquela praça. Deve ser somente a minha frustração mediante a minha situação atual, você me empaca e me desarma, não consigo me desprender e tão pouco continuar a diante.. que situação desagradável essa que você me colocou e eu não vou conseguir me livrar tão cedo, sinto que eu quero me prender num ponto instável.
Amores de status também duram e são sustentáveis enquanto reciclam seus próprios desesperos, eu vou juntar toda essa história e escrever um livro sobre como a minha visão muda diante dos modos que eu olho. E olha que incrível, nem você dona moça se safou, se ler esse texto saiba que o meu desamor não é por você e muito pelo contrário, se assim disposta estiver sabe o telefone para me contactar, sabe também que eu trabalho naquele mesmo lugar e que qualquer dia no fim do meu turno você pode ir me buscar.
Dona moça não soa como um desamor, soa um sorriso bem grande e bobo no final da noite e também uma lágrima naquela sexta-feira que não aconteceu.

Desamor
Desamo
Desam
Desa
Desanimo.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Descubra o "x" da questão

É vero que algumas vezes passamos por situações intrigantes, nas quais temos que ter um pouco mais de raciocínio lógico. Existem momentos que dá vontade de parar, sentar e travar o relógio para que possamos então conseguir não nos sentir pressionados pela importância que o tempo tem em nossas vidas. Já perdi tempo demais tentando esclarecer situações que não necessitavam da minha dedicação para serem resolvidas, existem coisas que o tempo ajeita e você só tem que deixar ele passar.
Quando me pego pensando em como estou me sentindo com relação a "tal coisa", é como uma necessidade que eu tenho de me desligar das coisas que ocupam a minha mente. Eu penso vinte quatro horas por dia e não descanso nenhum minuto antes de dormir, as vezes nem dormindo, me pego sonhando com coisas que eu precisava resolver, mas decidi deixar para amanhã. Você até pode se identificar com isso, afinal todos nós temos um pouco de grandes pensadores a noite. Cada indagação que recebo de mim é mais um motivo para texto novo, sempre escrevo com dúvidas e nunca com certezas, quão normal isso é pra mim que estranho seria se eu escrevesse totalmente certa daquilo que digo, mas sinta que em cada linha sempre vai haver espaço para entrelinhas e novos significados.

Hoje a minha dúvida é relacionada a sentimentos que novidade, é complicado dizer qual a dúvida em si, mas sinto isso formando uma incógnita dentro de mim e conforme essa dúvida cresce eu sinto um problema maior a caminho. Quando você se propõe a acomodar-se diante de uma situação desconfortável corre o risco de sofrer as dores pela mal postura apresentada mediante ao problema, nós estamos tão acostumados com coisas instantâneas, que nos esquecemos quão eficaz é ir atrás do problema e resolve-lo. Toda questão tem uma resposta, seja ela exata ou não. Aprendi em matemática que em algumas situações a posição dos fatores não altera o produto final, então não importa qual seja o seu lado, se a resposta for certeira você vai conseguir achar ela.
Passei o dia todo pensativa, inquieta e com olhar gélido. Tantas vezes tiveram que chamar a minha atenção, porque meu corpo estava aqui e a mente viajando no problema, no "x" que envolve a minha cabeça. Geralmente nesse tipo de situação eu costumo ter uma postura diferente e ignorar os fatos em questão e lidar com as coisas do meu grosseiro jeito. Eu sou grossa, apenas de não ostentar o defeito ainda o tenho e utilizo quantas necessárias vezes forem.
Eu não me sentia assim a tanto tempo, eu passei a sentir ela um tanto mais do que as outras. É isso que me intriga, é esse o x da minha questão. Meu maior medo não é sentir esse sentimento, é não conseguir lidar com ele. Já me entreguei tanto que hoje sobrou tão pouco de mim, e com egoísmo eu vou guardando esse pouco sem querer me dividir. Ah moça! Se tu soubesses o que penso agora depois de não ter tido você aqui, meu coração palpitante cria as mais absurdas teses para tal situação. Antes que seja tarde demais eu já declaro a você que não estou disposta a recuar.. nem desistir, nem deixar para lá.

Combinação perfeita de um amor que surgiu do nada, e imperfeito é não te ter aqui. Aguardo de ti uma explicação que me responda com clareza, a dúvida desse meu problema:

"Letícia tinha muito amor, certo dia então resolveu dar ele a alguém. Somando com o seu coração, o amor de Letícia é subtraído, ou multiplicado? Você vai tirar ele de mim, ou vai se juntar com ele. Justifique sua resposta, abrevie com um beijo."

Problema resolvido.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Faça suas escolhas

- Minha vontade era de ligar, sabe..
- E dizer o que?
- Não dizer nada, ouvir ela falar.

Eu aprendo dia-a-dia da maneira mais racional possível a não lidar com segundas opções, por uma explicação bem simples: elas não existem.
Não vai haver outro momento como aquele, essa é a certeza que eu carrego em meio a tanto desespero. Estou retrocedendo, sentimentalmente.  Me culpe você que nunca olhou para trás e viu quanto perdeu, porque deixou escapar por um motivo tão pequeno, apelou por fugir e acabou se perdendo na própria fuga. Ora Deus! Cadê aquele consolo do pai! Sinceramente, eu espero que você não leia isso.
Nós sabemos quão complicado pode ser a decisão de voltar atrás por algo que foi tua culpa ser deixado, é uma decisão que eu questiono, mas que está tomada e eu não voltarei atrás na minha decisão. Meus queridos leitores e amigos, acompanharam aqui uma saga de textos incompreensíveis sobre uma escolha mal tomada. Me deem motivos, não escolhas.. pois acabo sempre escolhendo as mesmas coisas, mesmas coisas erradas.
Agora é tarde demais para voltar, não me questione com um "nunca é tarde", defina sua certeza de tempo. O hoje para mim é tarde, o ontem passou e o amanhã não existe. Então porque fico inconformada escrevendo freneticamente sobre essas perspectivas frustadas de futuro, percebam que eu não apenas escrevo e me coloco no lugar de leitora, então fico me perguntando e me respondendo e no final das contas eu termino um belo interrogatório e um texto incógnita que responde o óbvio e deixa pressuposto o que eu realmente sinto.
Me sinto velha escrevendo textos assim, parece que eu estou aqui cinquenta anos, sentada numa cadeira que range, estou revendo fotos antigas e sorrindo; Quando de repente bate um vento. A foto voa. E gentilmente você está lá frente a mim, como eu te imagino agora e num suspiro toda aquela imagem desaparece e eu desabo ao relento da sacada de casa, enquanto você está por ai.. Eu sei dos meus erros e eu não sei em medidas exatas quanto eu errei ao questionar-me sobre a minha maior certeza. É impagável a dívida comigo mesma, um acerto de contas em que é um débito exclusivamente comigo.
Durante esses meses eu tenho aproveitado tudo o que a vida tem me dado, de que adianta se aqui eu apelo pela única coisa que eu quero e ela tirou de mim, na verdade eu a entreguei para a vida e deixei que fosse.. que não voltasse, partisse de mim e me deixasse. Me deixou, partiu e mesmo assim ficou.
Você foi a escolha mais certa que eu fiz na vida. Te ter de novo seria um erro, não se existe uma segunda chance.. Não está existindo nem chance, quem me dera segunda.. Quem sabe numa segunda qualquer, a gente converse e não mais se fale. Quem sabe numa chance da vida te trás pra mim nega, quem sabe numa segunda eu não embarque para longe daqui e escolha ficar longe.. só pra ter a chance de admirar a escolha que a vida te deu, de não me levar mais pra perto de você.

Música enquanto escrevo: http://www.youtube.com/watch?v=b3c32wBYdU0

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Estamos fechados.


Pensando naquelas grandes promoções que oferecem descontos enormes para os produtos que um dia já foram caros, mas hoje ninguém se esforça muito para tê-los pois estão ultrapassados e desvalorizados. É incrível como a roda do comércio funciona. Esses descontos atraem mesmo muita gente, oferta barata é certeza de povo interessado e sem condições de pagar o preço que vale.

Eu estava numa grande liquidação de mim mesma, me deixei abaixar tanto. Percebi que estava recebendo muito pouco por aquilo que eu sei que valho, deixei que levassem a mim em uma parcela apenas, uma pequena parcela de mim a quem estivesse disposto a estar comigo e não precisava se esforçar tanto assim. Comecei a me preocupar quando eu olhei no espelho e vi aquele reflexo cansado e abatido, cabisbaixo e sem perspectiva.
O ano mudou e a única coisa que sinto de diferente são as datas, os compromissos. Mudei apenas meu desejo de lutar pelas coisas, eu estou deixando que meus afazeres sejam maiores do que os prazeres e está bom assim. Eu cansei do beijo, estou cansada do volume alto, da batida envolvente da balada e me entrego a madrugadas como essa em que eu me inspiro para escrever a partir da minha própria desilusão. Que metódico uma escritora que digita seus melhores textos assim, emocionalmente abalada.
Meu cabelo desarrumado, meu vestido velho e o bom copo de café do lado. Parece clichê para você? Pois pra mim tornou-se rotina indispensável. Amanhã já é sexta-feira e eu só consigo pensar se eu vou conseguir acordar, e me sentindo bem de preferência porque eu preciso expor um sorriso por mais caído e fraco que seja. Não quero omitir a tristeza que em mim reside, só vou impor a felicidade que eu realmente deveria estar sentindo agora, quanta injustiça! Só que nem só de tristeza vivo eu, consigo no meio de todos esses problemas achar um motivo pequeno que seja para sorrir, essa capacidade nunca me falha.. nunca me deixou na mão pelo menos até hoje.

A questão é que a liquidação acabou. Todos os exemplares de mim já estão vendidos, muito mal vendidos digo. Sinto muito por não estar mais aqui, mas eu estou fechada a possibilidades emocionais. Tenho objetivos a serem cumpridos e não quero pessoas e seus sentimentos perto de mim, não vou me tornar uma daquelas pessoas velhas sentadas na cadeira de ranger, olhando fotos dos amigos que não estão ali e procurando motivos para uma família que não a rodeia. Tudo o que eu realmente preciso é de um tempo, e esse tempo chegou e está nas minhas mãos, eu vou voar para longe e me dei a oportunidade de falir. Eu fali de sentimentos e enriqueci de sobriedade, lucidez e força.

"Sinto muito, estamos fechados. Não volte amanhã, larguei tudo isso aqui e fui viver".

música enquanto escrevo: http://www.youtube.com/watch?v=daGcpvxPbCo